quarta-feira, 30 de março de 2011

Novo Plano Diretor de Caraguatatuba - Verticalização no Litoral Norte de São Paulo

Prefeitura de Caraguatatuba quer liberar prédios de até 25 andares

12 de março de 2011 | 0h 00

João Carlos de Faria - O Estado de S.Paulo

Enquanto outras cidades do litoral norte têm leis contra a verticalização, o novo Plano Diretor de Caraguatatuba prevê que os prédios - hoje com limite de 9 andares - poderão alcançar 25 pavimentos. A proposta foi colocada no site da prefeitura, às vésperas do carnaval, e deve ser alvo de ataques de associações nas duas audiências públicas marcadas para os dias 18 e 25 deste mês.

"Estamos conversando com as igrejas evangélicas e católicas para nos ajudar. Esse absurdo (o novo Plano) não deve se concretizar", disse o arquiteto Alexandre Di Giaimo, presidente da seção do litoral norte do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Já a coordenadora do Fórum da Agenda 21, a arquiteta Ana Lídia de Oliveira, prepara uma representação no Ministério Público e critica a falta de participação popular. A proposta anterior, de 2006, só foi levada à Câmara após mais de cem reuniões e seis audiências públicas e previa limite de 6 andares para prédios.

No projeto, a prefeitura trabalha com uma explosão demográfica a curto prazo. "Hoje crescemos 2% ao ano. Como poderemos passar de 100 mil para 500 mil habitantes em apenas dez anos, como diz o Plano?", questiona Lídia. "A tendência é privilegiar grandes empreendimentos imobiliários", afirma Giaimo. Para ele, residências térreas serão prejudicadas por "paredões" criados pelos pavimentos de garagem sobre o solo. Já Lídia afirma que o que se pretende é "a regularização de alguns edifícios que já estão irregulares".

O adensamento populacional e a impermeabilização do solo preocupam, além do sufocamento do sistema viário. "Imagine uma quadra que hoje tem 8 famílias e 16 veículos. O plano prevê 144 veículos no mesmo espaço", afirma o representante do IAB.

O diretor de Urbanismo, Cesar Abboud, disse ao Estado que só vai se pronunciar nas audiências. Para a imprensa local, afirmou que o Plano "seria a solução para o crescimento da cidade, hoje sem área de expansão". Abboud ainda destacou que a verticalização será proibida na orla - para não criar sombras na praia - e será ampliado para 6,5 metros o recuo lateral obrigatório dos prédios

IOF de 6% vai impactar crédito

Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo
30/03/2011
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre captações externas de até 360 dias vai provocar redução no crédito em reais para empresas e até para pessoas físicas, segundo especialistas de tesouraria de grandes bancos. O impacto sobre as cotações do dólar, no entanto, é pequeno.
As empresas vinham captando recursos de até um ano no mercado externo e usando esses recursos para capital de giro com custos mais atrativos do que no mercado interno, considerando-se impostos. Com o dinheiro, financiavam fornecedores e clientes. Os bancos, por sua vez, destinavam os recursos dessas captações ao crédito para empresas e até para pessoas físicas. Adicionalmente, como não pagam Imposto de Renda em aplicações de renda fixa, os bancos vinham aplicando o dinheiro das captações externas para ganhar com a diferença entre os juros baixos no exterior e altos no Brasil.
Banco e empresas vinham tomando linhas com prazo superior a 90 dias - já existia IOF de 5,38% nas captações de prazo inferior. Os juros em dólar no mercado externo para esse prazo é de 1% para as empresas de primeira linha, enquanto os juros em dólar no mercado interno (cupom cambial) é de 3%. Assim, mesmo depois de fazer o hedge da captação externa, a empresa acabava com um custo de 104% a 110% do CDI, incluindo o IR de 15% sobre os juros remetidos. Nas linhas em reais, só o IOF de 1,88% representa 16% do CDI.
Com o IOF de 6%, as captações mais curtas serão inibidas. Para prazos superiores a um ano, as linhas externas disponíveis são mais escassas e caras - custam 2% ou mais ao ano, diferença menor em relação ao cupom de 3%.

Cyrela Apresenta Resultados de 2010 e Foca no Crescimento Orgânico

Portal VGV
30.03.2011

A Cyrela Brazil Realty, uma das melhores empresas do mercado imobiliário brasileiro na incorporação de empreendimentos residenciais, anunciou seus resultados referentes ao quarto trimestre (4T10) e ao acumulado do ano de 2010. Os lançamentos da empresa em 2010 somaram R$ 7,6 bilhões, um crescimento de 34% em relação a 2009 e as vendas contratadas totalizaram R$ 6,2 bilhões, valor 17,8% maior ao apresentado no ano anterior.

 

Em 2010, a Cyrela atingiu seu guidance de lançamentos e vendas, superando em 10,3 pontos percentuais o ponto mínimo da projeção para lançamentos. Aproveitando o bom momento do mercado imobiliário e com o objetivo de aumentar a rentabilidade nos próximos trimestres, a Cyrela tem priorizado o crescimento orgânico de sua operação, após a remodelação da estrutura de sociedades e parcerias que foi realizada. Em 2007, quando a Cyrela abriu seu capital a incorporadora estava presente em duas cidades brasileiras e detinha 74% das atividades de construções in-house. Com a expansão geográfica da empresa, hoje em 67 cidades, o total de obras orgânicas caiu para 28% e 34% nos anos de 2007 e 2008, respectivamente. Esse cenário resultou na redução da representatividade de projetos próprios.

Para 2011 e 2012, a expectativa é de atingir, pelo menos, 70% dos lançamentos em obras próprias, priorizando um modelo de crescimento orgânico, resultado do pleno conhecimento e da consolidação da marca e da operação nos mercados em que. A medida pretende, ainda, mitigar o risco de novos acréscimos de custos em projetos intensificando seus programas de treinamento de mão de obra em canteiros.

 

A margem bruta do 4T10 foi de 24,5%, 9,0 pontos percentuais abaixo, quando comparada com os 33,5% do 4T09. A margem bruta de incorporação e loteamentos deste trimestre (4T10) foi impactada pela revisão física e financeira dos custos a incorrer da Companhia. O impacto total deste acréscimo no resultado do 4T10 foi de R$ 244,3 milhões, entretanto a margem do ano de 2010 foi de 31,4%, 3,1 pontos percentuais menor que os 34,5% do ano de 2009. Isto decorre da revisão dos custos de obras a incorrer, que geraram um acréscimo de R$ 533,6 milhões no custo orçado em 2010, impactando na redução do reconhecimento da receita bruta no montante de R$ 320,1 milhões no resultado do período.

A empresa encerrou 2010 com uma posição financeira sólida e com boas perspectivas de geração de caixa em 2011, motivadas principalmente pelo alto volume de entregas e repasses no ano.

Living

A Cyrela mantém o foco no crescimento da Living Construtora para os próximos anos e pretende continuar atuando fortemente no segmento econômico. Com a revisão recente das projeções da empresa para 2011 e 2012 a participação relativa do segmento de baixa renda permanecerá relevante, devendo atingir aproximadamente 40% do total de lançamentos da companhia em 2011. Em 2010, foram lançadas 15 mil unidades, 52% dentro do Minha Casa Minha Vida 1, com preço médio unitário de R$ 98,3 mil. As vendas no ano de 2010 somaram R$ 1,8 bi, 5% maior que em 2009.

 

Com o Minha Casa Minha Vida 2 as capitais voltam a ser opção de compra de terrenos para Living e principalmente abre as portas para o interior, pois os tetos de todas as cidades  foram revistos, chegando a R$170 mil em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

terça-feira, 22 de março de 2011

CVM quer aumentar transparência de fundos de investimentos

PEDRO SOARES

DO RIO

 

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) quer dar mais transparência às despesas pagas pelos cotistas de fundos de investimentos, como taxas de administração e outros custos para manter a aplicação. Para tal, a autarquia que regula o mercado de capitais colocará daqui a um mês em audiência pública uma nova portaria, que vai obrigar os gestores a divulgar em seus sites uma "lâmina" com informações detalhadas sobre todas as despesas e a rentabilidade dos fundos.

 

Segundo Luciana Pires Dias, diretora da CVM que tomou posse no cargo nesta segunda-feira, a ideia é facilitar a escolha do fundo mais adequado para cada perfil de cliente, que poderá comparar os custos e as rentabilidades de cada produto.

 

"Atualmente, essas informações não são apresentadas de modo claro. Quando for ao banco fazer uma aplicação, o cliente terá uma série de lâminas, uma para cada fundo, e poderá comparar e escolher a melhor opção", disse.

 

A expectativa da diretora da CVM é que a alteração entre em vigor somente em janeiro de 2012, após ficar até três meses em audiência pública e, depois, ser aprovada pela diretoria colegiada da CVM.

 

A mesma instrução que vai para audiência pública, diz, vai propor ainda a alteração dos prazos de resgate dos fundos, cuja maioria hoje é no dia seguinte ao pedido. A diretora defende a necessidade de ampliar os prazos para alguns fundos que vão perder liquidez com a queda progressiva da taxa de juros esperada no médio e longo prazo.

 

Nos mercados mais maduros, afirma, os prazos de resgate chegam a seis meses após a solicitação do cliente. O objetivo é, segundo a diretora, dar tempo ao gestor para se desfazer de ativos do fundo para honrar os resgates, sem risco de quebra dos fundos num momento, por exemplo, de crise e "corrida" aos saques.

 

Dias comentou ainda sobre outra instrução da CVM que deve ser levada à audiência pública no segundo semestre deste ano que trata de administradores de fundos de investimento. A ideia, diz, é ampliar as exigências das instituições financeiras --hoje basta a elas comprovarem ter empregados qualificados para gerir seus fundos-- e dos próprios administradores.

 

Segundo a diretora, serão criadas categorias de administradores de fundos, que passarão a ser especializados em algumas modalidades de investimento. Nem todos os administradores têm, por exemplo, capacitação para gerir fundos imobiliários e outros tipos específicos. Hoje, porém, a CVM dá uma autorização única para o administrador, que pode liderar qualquer tipo de fundo, de acordo com Dias.

 

A expectativa é que as mudanças também entrem em vigor no começo de 2012.

 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Jundiaí tenta frear avanço de obras de grande porte

FOLHA DE SÃO PAULO (SP) • MERCADO • 20/3/2011 • PASTA ECONOMIA

 

A Câmara Municipal de Jundiaí (SP) aprovou na semana passada um projeto de lei que pode barrar a entrada de empreendimentos imobiliários por até seis meses na cidade.

O objetivo é frear o crescimento desordenado, segundo o vereador Durval Orlato (PT), autor do projeto.

"A especulação imobiliária é grande. É caótico. A cidade tem mais de 300 anos e suas ruas são estreitas. Com tantas aprovações de loteamentos comerciais e condomínios para as classes A e B, há preocupação, o trânsito cresce", afirma.

A suspensão, por até 180 dias, abrange novos projetos de conjuntos habitacionais com mais de 4.000 m2 e centros comerciais, industriais e de serviços com mais de 3.000 m2, além de loteamentos acima de 50 lotes residenciais, segundo a prefeitura, que ainda necessita assinar a aprovação final.

Durante o período de "trégua", serão discutidos projetos de estudos sobre impactos para vizinhanças e eventuais contrapartidas que podem vir a ser cobradas do setor privado, de acordo com Orlato.

Pode ser suspensa a tramitação de 150 projetos de empreendimentos imobiliários que se enquadram nos parâmetros do texto, informa a prefeitura.

"Não serão paralisadas obras públicas de tamanho nenhum, nem projetos já em andamento. Só param os que ainda não receberam aprovação", afirma Júlio César de Oliveira (PSDB), presidente da Câmara.

Empresas do setor imobiliário, como MRV e Gafisa, entre outras, que estão presentes na cidade, não comentam o caso.

 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Rossi e Even negociam fusão de ativos

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 18/03/2011 - Daniela DAmbrosio | De São Paulo

A Even, construtora focada no mercado residencial com receita anualizada de R$ 1,7 bilhão em 2010 e valor de mercado de R$ 1,9 bilhão, está em fase avançada de negociações para a venda do controle. Segundo o Valor apurou, o nome mais cotado para adquirir a companhia é a Rossi Residencial. A união das duas empresas forma a quarta maior incorporadora em valor de mercado, avaliada em R$ 5,5 bilhões, atrás de PDG, MRV e Cyrela. A receita líquida anualizada até setembro das duas companhias soma R$ 4 bilhões, atrás apenas de Cyrela (R$ 4,7 bilhões) e muito perto da PDG (R$ 4,1 bilhões).

A Even está procurando um parceiro há algum tempo e a Rossi já esteve na mesa de negociações com a empresa em 2008, mas o acordo não evoluiu. Outra companhia que chegou perto de levar a Even foi a Brookfield em meados de 2009, mas tanto o preço quanto uma indefinição em relação ao nome do executivo que ficaria no comando da nova empresa impediram a evolução do negócio. Com tamanho menor, a João Fortes Engenharia, com forte atuação no Rio de Janeiro, também já surgiu como possível parceira da Even.

Segundo fontes do setor, agora é o melhor momento para a venda da Even pelos bons resultados recentes. O modelo que deve ser adotado na negociação é o de troca de ações, a exemplo do que a PDG Realty fez com a Agre - última grande aquisição do setor.

A Even é uma empresa de capital pulverizado, com 63% das ações no mercado. Para comprar o controle da companhia, é necessário adquirir apenas 25,3% da empresa. O Spinnaker Capital Group - fundo hedge que atuam em mercados emergentes -, por meio do FIP Genoa, tem 16,38% da empresa. E a família Terepins (Carlos Eduardo e Luis) é dona de 8,95% da companhia. Segundo o Valor apurou, o Spinnaker, que está na companhia desde abril de 2006, tem interesse em sair do negócio.

A Rossi informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em período de silêncio por conta da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2010. A Even nega a informação.

A união das duas empresas forma uma companhia robusta e com mais liquidez. Trata-se de uma nova etapa da consolidação do setor, que reúne empresas saudáveis.

As duas empresas foram parceiras em vários projetos e têm atuações consideradas complementares: enquanto a Even está muito concentrada em São Paulo, a Rossi é a companhia com a maior distribuição geográfica do país - está em 80 cidades e pretende atingir 120 até o fim do terceiro trimestre de 2011. As cidades de São Paulo e Rio representam cerca de 8% das vendas totais da Rossi. A empresa já é forte em mercados onde a Even sequer está presente.

Dona do Plano 100, a Rossi fez fama como empresa de imóveis econômicos na década de 90 e está aumentando cada vez mais sua participação na baixa renda, que já representa cerca de 50% do negócio. A Even, por sua vez, atua principalmente na média e alta renda.

A Even surgiu em 2002 da fusão entre Terepins & Kalili e ABC Investmob. O sócio originário da ABC, Abrahão Muszkat, saiu da Even no ano passado e fundou sua própria incorporadora, a You, Inc. Fundada há 30 anos, a Rossi é considerada no setor como "empresa de dono", nome dado pelo mercado a companhias como MRV e Cyrela - que embora tenham capital aberto, a presença do fundador ainda é forte. A Rossi, fundada por João Rossi, apostou fortemente na profissionalização da companhia nos últimos dois anos. Os últimos membros da família Rossi, que ainda trabalhavam na companhia, saíram. Ficou apenas Renata Rossi na área de recursos humanos.

Nos nove primeiro meses do ano passado - ambas ainda não divulgaram balanço do quarto trimestre -, a Rossi lançou R$ 2,25 bilhões e a Even, R$ 1,28 bilhão. A Even foi a única companhia do setor que vendeu mais do que lançou até setembro: suas vendas somaram R$ 1,62 bilhão. A Rossi, no mesmo período, vendeu R$ 2,17 bilhões. A margem líquida da Even até setembro foi de 13% e a da Rossi, de 15%, para uma média setorial também de 15%.

Considerada por algum tempo como uma empresa que "andava de lado", a Rossi tem feito esforço para aumentar sua velocidade de vendas, que atingiu 27% no terceiro trimestre. A companhia registrou o sétimo trimestre consecutivo de alta. A velocidade de vendas da Even foi de 37%, a mais alta do setor.

A Even acaba de emitir duas séries de debêntures, de R$ 125 milhões cada uma - o que garante fôlego financeiro para a companhia.

No mês de março, ações da Even subiram 7,7% e as da Rossi, 6,2%. No mesmo período, o Ibovespa acumula queda de 1,7%. O Imob, índice de empresas do setor imobiliário, teve alta de 1,45% no período.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Limite para estrangeiro comprar terra será de 3 mil hectares

O Estado de S. Paulo - São Paulo/SP - NOTÍCIAS - 17/03/2011 - Marta Salomon / BRASÍLIA

Proposta em estudo reduz de 100 para 30 módulos fiscais acesso de empresas de capital externo a áreas rurais no País

Será de 30 quilômetros quadrados (3 mil hectares) a extensão máxima de terras que empresas com capital estrangeiro poderão comprar ou arrendar no Brasil, segundo proposta em debate no governo. O objetivo é tentar frear o avanço de investidores externos em negócios com imóveis rurais no País. Os limites da lei serão mais rigorosos na Amazônia.Proposta de projeto de lei a que o Estado teve acesso estabelece novos limites em módulos fiscais - medida que varia, conforme o município, entre 5 e 100 hectares. Pessoas físicas poderão ter até 15 módulos fiscais, sem precisar de aval prévio do Congresso Nacional. Pessoas jurídicas - inclusive empresas brasileiras com controle de capital ou gestão em mãos de estrangeiros - poderão comprar ou arrendar até 30 módulos, em áreas contínuas ou não.

A proposta foi elaborada por grupo de trabalho coordenado pela Advocacia-Geral da União no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Integrado também pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelos Ministérios da Defesa e do Desenvolvimento Agrário, o grupo chegou a cogitar a edição de uma medida provisória. Mas a campanha eleitoral deixou o assunto em suspenso na agenda do governo.

Dilma Rousseff, na época chefe da Casa Civil, recebeu cópia da proposta. Depois de assumir a Presidência, ainda não indicou quando o texto irá ao Congresso. O atual governo mantém a avaliação de que a compra e o arrendamento de terras continuam crescendo e fogem ao controle dos cadastros oficiais.

Atualmente, uma empresa pode deter até 100 módulos de exploração indefinida (medida também variável de acordo com o município), sem autorização do Congresso. Em conjunto, pessoas físicas ou empresas com participação estrangeira não podem ter mais do que 25% da área total de um município. Esse limite cairá para 10% na Amazônia Legal, de acordo com a proposta em debate.

Controle. Negócios que vierem a ser celebrados fora dos limites impostos pela proposta poderão ser anulados pelo Incra, que passa a ser responsável por autorizar qualquer compra ou arrendamento de terras. O controle se estenderá também a fundos de investimentos que lidem "direta ou indiretamente" com a compra de imóveis rurais.

Medidas destinadas a estabelecer controles sobre esse avanço em terras no Brasil que não dependem de mudanças em lei já vêm sendo adotadas. Em agosto passado, a Advocacia-Geral da União enquadrou empresas brasileiras com controle de capital ou gestão em mãos de estrangeiros nos limites estabelecidos por lei no início dos anos 70.

Anteontem, conforme informou o Estado, um aviso ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio determinou que as juntas comerciais bloqueiem compras ou fusões de empresas estrangeiras com brasileiras que detenham terras. Essa é uma manobra identificada como forma de burlar o controle nos cartórios de compra e venda de imóveis.

A busca de estrangeiros por áreas para a produção de alimentos e biocombustível é o principal argumento do governo para impor restrições à propriedade de terra no País.

União freia compra de terra por estrangeiro

Valor Econômico - São Paulo/SP - BRASIL - 17/03/2011 - Mauro Zanatta | De Brasília

O governo está determinado a conter e reverter o avanço de investidores estrangeiros em terras brasileiras. A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou ontem um ofício ao Ministério da Fazenda orientando a instituição a criar regras, por meio de instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para impedir a aquisição de ações de companhias brasileiras detentoras de terras, e listadas na Bolsa de Valores, por empresas de capital estrangeiro.

O documento foi enviado, de forma reservada, ao ministro Guido Mantega em caráter de urgência. Por recomendação da AGU, a medida deve abranger todas as companhias de capital aberto detentoras de terras do país, segundo apurou o Valor.

Hoje, a empresa mais cobiçada nesses negócios é a SLC Agrícola, cujos ativos contêm uma ampla extensão de terras em vários Estados. Ela é um exemplo da situação que o governo procura evitar.

Mesmo sem ter capital aberto, a Radar, criada pelo grupo Cosan para administrar terras, também seria atingida pela medida do governo. A AGU enviou um ofício ao Ministério do Desenvolvimento recomendando o bloqueio de aquisições e fusões a partir da informação das Juntas Comerciais.

As compras de terras por estrangeiro vinham sendo fechadas com base em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que dispensou autorização para a aquisição de imóveis rurais no país. Até 1995, o Artigo nº 171 da Constituição, depois revogado, permitia a distinção entre dois conceitos: empresa nacional de capital estrangeiro e companhia controlada por acionistas não residentes no país ou com sede no exterior. Nos debates internos, a AGU avalia ser uma questão de soberania garantir as terras exclusivamente para brasileiros. Os especialistas argumentam que a terra "é o que o país tem de melhor" e que não pode "sair vendendo" a qualquer preço.

De 2002 a 2008 houve uma avalanche de investimentos estrangeiros em terras no país. Dados do Banco Central apontam para aporte de US$ 2,43 bilhões no período. Se consideradas todas as atividades do agronegócio, como agroindústrias e serviços, a conta chega a US$ 46,91 bilhões em sete anos.

A decisão da AGU também abre a possibilidade de questionamentos jurídicos nos casos de aquisições e fusões anteriores à sua interpretação da Lei nº 5.709, de 1971. O texto limitava as compras a um quarto da área de cada município e previa que cidadãos de mesma nacionalidade não podiam ser donos de mais de 40% desse limite.

O governo avalia que precisa "fechar a porta" para novos avanços de estrangeiros, sobretudo chineses e árabes, que buscam no Brasil uma forma de garantir abastecimento alimentar. A AGU entende que a terra tem papel estratégico, além das questões comerciais.

Dados inéditos do cadastro rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostra que, até 2008, haviam 4,04 milhões de hectares registrados por estrangeiros. São 34.218 imóveis concentrados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.

A AGU entende que o país tem muita terra, muita produção, mas precisa ter planejamento e instrumentos para garantir comida a mais de 200 milhões de habitantes no futuro. O governo avalia que a interpretação da lei é "viva" e pode mudar a cada período de tempo. O que antes demorava 30 anos para "caducar", hoje leva cinco anos.

O panorama produtivo mudou desde 1998, quando a própria AGU deu um parecer equiparando empresas de capital estrangeiro a companhias brasileiras. A exigência por zoneamentos econômicos-ecológicos (ZEE) poderia ficar manietada em caso de propriedade estrangeira da terra. Se o governo precisar induzir a produção de determinado produto em uma região específica, como ficaria a situação? Essa questão também ajudou a nortear a decisão da AGU.

WTorre e BTG criam companhia com R$ 5,3 bi em ativos

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS - 17/03/2011 - Daniela DAmbrosio e Alessandra Bellotto | De São Paulo
Ana Paula Paiva/Valor

Walter Torre terá 30% na nova empresa, mas ficará sozinho com outra companhia com R$ 1,3 bilhão em ativos

Depois de tentar se capitalizar via mercado e de enfrentar uma situação financeira bastante delicada em 2010, o empresário Walter Torre conseguiu o que está sendo considerada pelo mercado a melhor solução possível para o seu negócio. Uma verdadeira reviravolta, no melhor dos clichês. A aproximação entre Walter Torre e André Esteves, do BTG Pactual, foi decisiva. O empresário precisava de capital e o banqueiro, de imóveis. Juntos, criaram a maior empresa de "properties" (imóveis de renda) do Brasil, com ativos de R$ 5,3 bilhões.

Os dois lados saem ganhando com o negócio, antecipado na edição de ontem pelo Valor. O BTG Pactual sai como majoritário, com cerca de 65% da empresa - que terá novo nome, ainda não definido - e importantes ativos, muito deles ícones de São Paulo e do Rio. Walter Torre, por sua vez, além de sócio do novo negócio - terá cerca de 30%, ao lado de Santander, Votorantim e executivos da WTorre, que entram como minoritários com os outros 5% -, sai como dono de outra companhia, cisão da principal, com R$ 1,3 bilhão de ativos, entre terrenos e 50% do futuro shopping Iguatemi. E o mais importante: totalmente livre de dívidas e com um caixa inicial de R$ 380 milhões.

Com a transação, Torre abre mão do complexo plano de reestruturação que traçou no fim de 2010, que incluía a venda de ativos, estruturação de fundos e sociedades em menor escala. O negócio também deixa o empresário capitalizado e livre para investir na área de infraestrutura, um sonho antigo. Segundo fontes do mercado, os planos do empresário para o setor são ousados e envolvem cifras e nomes importantes na área. Um dos passos nessa direção é a estruturação de uma sociedade com o grupo espanhol Essentium.

O BTG Pactual será majoritário, com 65% da nova companhia, ainda sem nome e endereço definidos.

O namoro entre BTG Pactual e WTorre Properties começou há mais de seis meses. O primeiro negócio efetivado foi a aquisição dos dois principais prédios da WTorre em construção em São Paulo, no Complexo JK, e a sociedade no terreno onde será construído o maior prédio comercial de São Paulo, com 96 mil metros quadrados. As conversas rapidamente evoluíram para o que seria uma nova empresa de logística, com ativos na casa de R$ 400 milhões, entre terrenos e investimento. O desenho mudou e o modelo final é muito maior do que se cogitou a princípio.

Do lado do BTG Pactual, o que estimulou a associação foi a qualidade do portfólio de imóveis da WTorre Properties, além da possibilidade de se criar a maior companhia no segmento de imóveis de renda. Entre as várias áreas de negócio do banco no setor imobiliário, uma das grandes apostas era no segmento de ativos de renda, ligados à inflação, por conta da tendência de redução do juro real no longo prazo. Mas a estrutura do banco limitava o crescimento num segmento cuja escala era vista como essencial. A WTorre Properties já tem capital aberto e possivelmente pode fazer uma oferta de ações subsequente- como uma forma de devolver ao BTG o investimento realizado.

No novo formato, a WTorre Properties, além dos ativos no valor total de R$ 5,3 bilhões, nasce com um caixa de R$ 300 milhões. Do lado do passivo, a dívida é estimada em R$ 1,7 bilhão - a maior parte de longo prazo, lastreada nos contratos de "build to suit". O endereço da sede da nova companhia ainda não está definido. A empresa terá um novo time de gestores e a WTorre deve nomear o presidente. A ideia é aproveitar a inteligência imobiliária da construtora.

Nessa nova empresa, estão reunidos a carteira de imóveis comerciais que o BTG adquiriu no último ano e os melhores ativos da WTorre Properties. Trata-se apenas de empreendimentos prontos, em operação, ou em vias de conclusão. Imóveis que podem, no futuro, ser vendidos para a reciclagem do portfólio. Nesse cenário, os fundos imobiliários registrados do BTG Pactual surgem como alternativas para dar saída a esses imóveis. A empresa também poderá receber aportes de novos sócios, entre eles investidores estrangeiros que podem usar uma estrutura de fundo montada lá fora para investir.

O BTG entrou com 50% do Ventura, no Rio; 40% do antigo empreendimento da Brookfield na Faria Lima (último prédio disponível para locação na região, cujo potencial construtivo está esgotado); as duas torres do Complexo JK; o terreno na Marginal Pinheiros onde será erguido o maior prédio comercial de São Paulo; e um projeto no Porto Maravilha, em desenvolvimento na zoa portuária do Rio. A WTorre Properties participa com o prédio que irá abrigar a nova sede da Petrobras no Rio; 50% de um edifício comercial na Marginal Pinheiros próximo ao Largo da Batata; além de imóveis construídos sob medida e alugados para empresas como Unilever e Vivo.

Na empresa que fica com Walter Torre estão cerca de 30% dos ativos da WTorre, que somam R$ 1,3 bilhão. São terrenos para desenvolvimento logístico em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas (SP) com potencial construtivo de 800 mil metros quadrados e a participação de 50% no Shopping Iguatemi. Há uma cláusula de não concorrência entre as duas empresas e a nova WTorre Properties tem direito de preferência na aquisição dos imóveis.

As principais concorrentes da nova empresa são as três companhias abertas do segmento: BR Properties - última a abrir capital e uma das mais agressivas na compra de imóveis; a São Carlos, do trio Jorge Paulo Lehman, Beto Sicupira e Marcel Telles; e a Cyrela Commercial Properties (CCP), braço de renda da Cyrela. Até o terceiro trimestre de 2010, o valor dos imóveis da BR Properties era de R$ 3,5 bilhões, segundo o balanço patrimonial. Na São Carlos, em setembro, o valor de mercado estimado do portfólio de imóveis era de R$ 2,2 bilhões. Na CCP, segundo o balanço de 2010, o portfólio somava R$ 1,8 bilhão.

Além do novo negócio, o BTG Pactual também tem outros dois braços na área imobiliária, que não entram na transação. O banco está estruturando negócios no segmento residencial - entra como sócio de incorporadores em SPEs (Sociedades de Propósito Específico, empresas criada para cada empreendimento) - e trouxe para o seu time, recentemente, o fundador da Abyara, Celso Minoru. Está, ainda, em shopping centers, por meio de participações minoritárias.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Governo bloqueia compra de terras por estrangeiros

O Estado de S. Paulo - São Paulo/SP - NOTÍCIAS - 16/03/2011 – Marta Salomon/BRASÍLIA

Para controlar o avanço de aquisições e fusões com empresas do exterior, AGU mobiliza juntas comerciais e cartórios.

O governo decidiu bloquear negócios de compra e fusão, por estrangeiros, de empresas brasileiras que detenham imóveis rurais no País. Esse tipo de negócio estaria ocorrendo, segundo avaliação do Planalto, como uma forma de burlar restrições impostas no ano passado à compra e ao arrendamento de terras por investidores estrangeiros.

O bloqueio de novos negócios foi determinado em aviso encaminhado ontem pela Advocacia-Geral da União ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Este repassará a ordem às juntas comerciais: operações de mudança do controle acionário de empresas proprietárias de áreas rurais envolvendo estrangeiros não poderão ser formalizadas. A partir do aviso, operações eventualmente fechadas podem ser suspensas na Justiça.

As juntas comerciais também vão auxiliar os cartórios a identificar a participação de capital estrangeiros nas empresas que comprem terras.

O ato do ministro Luiz Inácio Adams é mais uma tentativa de controlar o avanço de estrangeiros sobre terras no Brasil. Em agosto do ano passado, parecer da AGU enquadrou empresas brasileiras cujo controle acionário e controle de gestão estejam em mãos de estrangeiros nas mesmas restrições impostas a empresas e pessoas físicas estrangeiras.

Área por cidade. Desde a década de 70, a lei impede a compra ou o arrendamento de mais que 50 módulos por estrangeiros. O limite, por município, equivale a 25% de seu território sob controle de cidadãos ou empresas de outras nacionalidades. Uma mesma nacionalidade estrangeira não pode deter mais do que 10% da área de um determinado município. Essas restrições haviam sido suspensas para empresas brasileiras, mesmo com controle estrangeiro, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

As restrições foram restabelecidas há sete meses e atribuídas a um cenário internacional que estimulava o avanço de estrangeiros sobre terras no Brasil. "A crise de alimentos no mundo e a possibilidade de adoção, em larga escala, do biocombustível como importante fonte alternativa de energia, apta a diversificar, com grande vantagem, a matriz energética nacional, são os principais vetores dessa nova abordagem da questão da propriedade da terra no Brasil", argumentou a AGU.

A esses argumentos juntaram-se a elevação do preço das commodities e a especulação com o preço das terras, até a necessidade de conter o desmatamento na Amazônia.

O parecer também chamava a atenção para a falta de controle sobre a compra de terras por estrangeiros. O número mais recente, fechado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)na semana passada, aponta em mãos de estrangeiros uma parcela de terra equivalente a 20% do Estado de São Paulo: 4,5 milhões de hectares ou 45 mil quilômetros quadrados - números que, segundo as autoridades, não traduzem a realidade.

Os estudos da AGU também levaram em conta relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o avanço de estrangeiros, também, sobre áreas de terras no litoral brasileiro.

LIMITE LEGAL

Lei 5.709/1971 prevê limites para compra de terras por estrangeiros

Módulo: 50 módulos fiscais (o tamanho de um módulo varia de acordo com o município)
Máximo: A soma de imóveis rurais por estrangeiros não pode ultrapassar a quarta parte da superfície de um município
Limite por país: Uma mesma nacionalidade está limitada a 10% da área de um município

BTG Pactual vai assumir o controle da WTorre Properties

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 16/03/2011 - Alessandra Bellotto | De São Paulo

A WTorre Properties deve anunciar hoje a entrada do BTG Pactual como novo sócio. Pelo modelo em negociação, a empresa será separada em duas. A principal, que receberá a injeção de recursos, ficará com 70% dos ativos hoje debaixo da WTorre Properties, entre eles o empreendimento em construção para abrigar a nova sede da Petrobras no Rio, avaliado em R$ 1,2 bilhão. Os outros 30% ficarão com Walter Torre, sócio majoritário e fundador da construtora, em uma nova empresa. Os detalhes do acordo estavam sendo costurados na noite de ontem.

Segundo o Valor apurou, o BTG vai entrar na WTorre Properties com ativos estimados em R$ 1,5 bilhão, mais R$ 300 milhões em dinheiro para formar o caixa da empresa. Com isso, será o sócio majoritário no negócio, com mais de 50%. Já a WTorre vai participar com ativos avaliados também em R$ 1,5 bilhão, entre eles o imóvel da Petrobras, considerado a "joia da coroa". Só ficarão na WTorre Properties empreendimentos prontos ou em vias de conclusão.

Os imóveis em desenvolvimento irão para a outra empresa de Walter Torre, que ficará livre de passivos. As instituições já são sócias em um terreno na Marginal Pinheiros, onde deve ser construído o maior prédio comercial de São Paulo, e nas duas torres comerciais do Complexo JK, que já abriga a sede do banco Santander e onde está sendo construído o novo Shopping Iguatemi.

No fim do ano passado, as empresas chegaram a conversar sobre uma parceria no segmento de logística. A negociação com o BTG Pactual não envolve as demais empresas do grupo WTorre, como o braço de engenharia e residencial.

Na semana passada, a WTorre Properties desistiu da oferta pública de R$ 390 milhões em cotas do fundo de investimento imobiliário, com lastro na sede da Petrobras, no Rio. Segundo fontes do setor, o cancelamento, que frustrou o mercado, estaria ligado à negociação para a entrada do sócio. A oferta, que estava praticamente colocada, atraiu mais de mil pessoas físicas, além de fundos de pensão e investidores estrangeiros.

No ano passado, a empresa também tentou abrir capital, sem sucesso. A falta de apetite do mercado de capitais na ocasião, por conta do tamanho da capitalização da Petrobras, e as dificuldades encontradas pela empresa para convencer os investidores de seu modelo de negócios levaram os sócios da WTorre a mudar de rumo e a cancelar o processo de abertura de capital.

Depois de desistir da oferta de ações, a companhia definiu um plano estratégico que incluía a estruturação de fundos de investimento, a associação com investidores e a venda de ativos. A companhia passava por uma situação financeira delicada e precisava de recursos. Além disso, o cenário mais positivo para o mercado imobiliário abriu opções diferentes de captação de recursos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cyrela despenca após reduzir metas

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 15/03/2011 - Daniela DAmbrosio e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo

Os investidores reagiram mal ao anúncio feito pela Cyrela, que reduziu estimativas de lançamentos, vendas e margens neste ano e no próximo. O resultado foi a queda de 6,5% das ações ontem, a maior do Ibovespa, principal índice da bolsa paulista. O papel fechou cotado a R$ 15,15, menor valor desde julho de 2009.

A ação movimentou R$ 275,4 milhões, o terceiro maior giro da bolsa. A média diária de negócios com os papéis nos últimos 12 meses é de R$ 71,8 milhões.

No começo da noite de sexta-feira, a Cyrela informou que havia reduzido sua previsão para as vendas contratadas de uma faixa entre R$ 7,6 bilhões a R$ 8,4 bilhões em 2011 para R$ 6,9 bilhões a R$ 7,7 bilhões. Para 2012, as projeções desceram de um intervalo entre R$ 9,7 bilhões a R$ 10,7 bilhões para R$ 8 bilhões a R$ 8,9 bilhões.

Descrição: http://www.valoronline.com.br/sites/default/files/crop/imagecache/media_library_default/0/9/200/250/sites/default/files/images/arte15sa-101-cyrella-d3.jpg

As previsões anteriores - de vendas, lançamentos e margens - foram feitas em novembro de 2009 e desde aquela época o mercado já julgava ousada a atitude da companhia de projetar, por um prazo tão longo, tantos números.

Considerando o ponto médio das faixas, redução para as vendas contratadas foi de 9% para 2011 e de 17% para 2012. Para a margem ebitda, a companhia projetava um intervalo entre 20% a 24% para 2011 e também em 2012. E agora reduziu para uma faixa entre 15% a 19% este ano e de 18 a 22% ano que vem.

Os analistas do Credit Suisse, Marcello Milman e Alexandre Queiroz, escreveram, em relatório, que a revisão em si não foi uma surpresa, mas a magnitude dela, sim.

"Em resumo, as novas estimativas mostram que a Cyrela está crescendo menos e com margens menores. Em nossa avaliação, isso sinaliza alguns problemas estruturais em sua estratégia de expansão baseada em parcerias, que parecem estar afetando a rentabilidade", afirmaram. "Mais do que isso, acreditamos que esses problemas não parecem ser simples de resolver, o que pode levar a novas reduções de projeções", avaliam. Os analistas acreditavam que, até o fechamento de sexta-feira, apesar de a ação da Cyrela acumular perda de 26% no ano, ainda assim não estava a valores que chamavam a compra, uma vez que a empresa é negociada com prêmio entre 10% e 15% em relação a seus pares.

Procurada, a Cyrela informou estar em período de silêncio por conta da divulgação do balanço, agendada para dia 28 de março e não concedeu entrevista. Inicialmente, o anúncio dos resultados estava previsto para hoje.

Os analistas Guilherme Vilazante e Vinicius Mastrorosa, do Barclays, lembraram que a Cyrela sempre foi negociada com prêmio em relação às concorrentes por conta de sua boa reputação em termos de execução e das margens superiores, e que, após anúncio, essa reputação que embute o prêmio tende a acabar.

"A ação poderá ter uma fraca performance se os investidores adotarem uma postura de esperar para ver em relação ao papel. Se for assim, a empresa terá de apresentar alguns trimestres de bons resultados até que a ações recuperem terreno", escreveram os analistas do Barclays.

O Barclays diz que, de certa forma, o anúncio é bem visto porque já há alguns dias o mercado esperava por ele e a incerteza em relação aos novos números já havia provocado a saída de alguns investidores do papel.

Para os lançamentos, a companhia informou que reduziu sua previsão neste ano de uma faixa de R$ 8,3 a R$ 9,1 bilhões para um intervalo entre R$ 7,6 bilhões a R$ 8,5 bilhões. Para 2012, a estimativa passou de um valor entre R$ 10,5 bilhões e R$ 11,5 bilhões para R$ 8,7 bilhões a R$ 9,8 bilhões.

A queda das ações da Cyrela foi tão expressiva que a companhia - líder do setor até o ano passado - ficou atrás da MRV, empresa mineira que atua na baixa renda. Foi a primeira vez que a companhia ficou na terceira posição em valor de mercado entre as abertas. A PDG Realty, que assumiu a liderança após a compra da Agre, fechou ontem com queda de 0,32% e valor de mercado de R$ 10,343 bilhões. A MRV ficou estável, avaliada em R$ 6,498 bilhões e a Cyrela fechou o dia valendo R$ 6,408 bilhões.

Fontes do setor defendem que não se trata de uma tendência ou um problema generalizado. Embora o mercado aponte para um ano mais lento em termos de velocidade de vendas e com pouco espaço para alta de preços. Por enquanto, apenas Rodobens e CCP - braço de imóveis comerciais da própria Cyrela - divulgaram resultado. As prévias operacionais apontam setor ainda aquecido.

Os problemas da Cyrela começaram a aparecer no último trimestre do ano passado, quando a companhia teve que colocar no mercado mais empreendimentos do que havia lançado o ano inteiro. Conseguiu, mas enfrentou um mercado bastante concorrido.

Internamente, a companhia também vive momento delicado. Segundo o Valor apurou, a Cyrela acaba de criar o cargo de vice-presidente financeiro e escolheu José Florêncio Rodrigues Neto para ocupá-lo. O executivo, que esteve no grupo Camargo Correa por nove anos, e sua última função foi diretor financeiro da divisão de engenharia e construção, começou na Cyrela há um mês. Vai se reportar diretamente a Elie Horn e irá coordenar o processo de planejamento financeiro e de resultados. Luis Largman, diretor financeiro e de relações com investidores, fica abaixo de Rodrigues, o que teria gerado desconforto.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Impulsionada por investidor de varejo, emissão de CRIs cresce no Brasil

UOL Economia - 10/03/2011 - 18h11

SÃO PAULO – O mercado de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) tem crescido no Brasil, impulsionado também pelos investidores de varejo, mas ainda enfrenta muitos obstáculos para sua popularização no País.

Os CRIs são valores mobiliários com lastro em cédulas de crédito imobiliário, representativas de venda de imóveis residenciais, comerciais ou de lotes urbanos, aluguéis de shopping centers e prédios comerciais. Dados divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) nesta quinta-feira (10) mostraram que houve um crescimento de oito vezes no volume de CRIs em 2011.

Enquanto em fevereiro do ano passado as emissões haviam somado R$ 337 milhões, no mesmo período deste ano elas saltaram para R$ 2,7 bilhões. O número de operações, por sua vez, ainda é pequeno: passou de 17 para 22 no período.

Perspectivas positivas

Para o vice-presidente da Anbima, Alberto Kiraly, o aquecimento do mercado imobiliário justifica o crescimento deste setor. “A tendência é continuar esse crescimento. No Brasil, ainda existe um bom campo para avançar nesses produtos”, afirmou.

Isso porque, no horizonte de dois anos, existe uma percepção de escassez dos recursos das principais fontes para o financiamento no setor imobiliário. Desta forma, os certificados se tornam um funding importante.

Além disso, ele acrescenta que “esse mercado está muito demandado, em função até das pessoas físicas terem investido bastante neste segmento, pela isenção fiscal”, afirmou. Ele completou: “A participação de pessoa física em emissão de CRI, via fundo ou diretamente, é representativa”.

Barreiras

De acordo com o general council da MaxCap Real Estate Investment Advisors, Maurício Boteon, apesar do crescimento, o mercado de CRI ainda é pequeno no Brasil e possui barreiras regulatórias, que são importantes para mantê-lo saudável, mas que acabam por impedir sua disseminação.

“O CRI tem de ser um título que, na origem, seja emitido com cautela”, ponderou. Por isso que a maioria deles é direcionado ao investidor qualificado – aqueles que, de acordo com a Instrução CVM 409, possuem investimentos financeiros em valor superior a R$ 300 mil e que, adicionalmente, atestam por escrito sua condição de investidor qualificado.

Para o pequeno investidor, os CRIs não deixam de ser uma boa opção para os aplicadores conservadores e de longo prazo. “O fato de comprar título que tem origem no setor imobiliário dá sentimento de que está investindo em imóveis”, afirmou Boteon.

Para surfar na onda do boom imobiliário

O Globo - Rio de Janeiro/RJ - PRIMEIRO CADERNO - 14/03/2011
Marcelo Carnaval
Bruno Villas Bôas

Fundos do setor atraem pequenos investidores com rendimento de 26,7% em 2010. Analistas alertam para problemas.

Os investidores estão descobrindo aos poucos que podem tirar uma casquinha do boom do setor imobiliário sem necessariamente ter dinheiro suficiente para comprar um apartamento. Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) — com cotas a partir de R$1 mil — têm atraído pessoas físicas em busca da rápida valorização dos imóveis e um rendimento mensal com aluguel. Os fundos têm participação em shoppings, torres de escritórios e condomínios residenciais. E renderam, na média, 26,7% no ano passado, segundo levantamento do consultor Sérgio Belleza Filho. Isso significa um ganho quase três vezes maior que o CDI (9,75%), os juros interbancários que servem de referência na renda fixa.

Segundo Belleza Filho, os ganhos foram influenciados tanto pela valorização dos imóveis quanto pela receita de aluguel, que são depositadas mensalmente na conta corrente dos cotistas desses fundos:

O mercado tem crescido bastante. Grandes bancos de investimento estão agora distribuindo os FIIs. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) existem R$ 2,8 bilhões em novos lançamentos aguardando aprovação — diz o consultor, responsável pelo primeiro fundo do gênero lançado no Brasil.

Entre os fundos com alto desempenho em 2010, o destaque ficou para Continental Square Faria Lima, com rentabilidade de 59,6%. Esse fundo, administrado pela BR Capital e com cotas negociadas na BM&FBovespa, tem parte de um empreendimento homônimo e também é dono de 75% do hotel cinco estrelas Caesar Park, além de mais 18 conjuntos de escritórios de uma torre comercial.

Ritmo de ganhos pode desacelerar este ano

Especialistas em finanças veem com bons olhos a aplicação. Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio, afirma que uma das principais vantagens dos fundos é a isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos com aluguel dos imóveis. Isso vale para o investidor pessoa física que tenha menos de um décimo das cotas totais do fundo. Na venda, o investidor paga 20% de IR sobre o ganho com a valorização da cota.

É uma boa oportunidade para quem não tem dinheiro para comprar um imóvel sozinho. Mas é preciso pesquisar e sempre buscar diversificar a carteira de investimento — afirma o especialista em finanças.

Foi o que atraiu o estudante de economia Henrique Carvalho, de 22 anos, que comprou cotas de fundos.

 

— Eu tenho dinheiro em renda fixa e ações. Os fundos foram uma forma de diversificar aproveitando o crescimento do setor.

Gustavo Cerbasi, autor de livros sobre finanças, acredita em mais valorização dos imóveis pela frente, mas alerta que isso pode não ocorrer no mesmo ritmo visto em 2010:

— Os fundos se popularizaram e quem investiu sabe a conveniência de não ter que lidar com a burocracia do setor. Mas as cotas tendem a ter uma valorização proporcionalmente menor. Não se pode esperar o mesmo ganho em um prazo de dois a três anos — diz Cerbasi.

Segundo o especialista, o investidor deve avaliar bem a carteira de imóveis de cada fundo antes de comprar a cota:

— No caso de um shopping, a sugestão é conhecer a região em que o empreendimento será instalado e o poder aquisitivo das pessoas no lugar.

Alguns fundos garantem uma rentabilidade mínima mensal ao cotista nos primeiros meses de aplicação, algo como 0,8% ao mês. Mas parte deles não distribui ganhos acima desse percentual quando os imóveis passam a gerar receita.

Pouca liquidez pode ser problema na venda da cota

Um dos problema do mercado, no entanto, ainda está na baixa liquidez das cotas negociadas na Bolsa. Segundo dados do site Fundo Imobiliário (www.fundoimobiliario.com.br), mais de sete fundos foram negociados em menos da metade dos pregões nos últimos 12 meses. Em janeiro deste ano, embora a rentabilidade tenha sido positiva, com fundos rendendo acima de 1%, muitos tiveram menos de 50 negócios realizados no mês, o que preocupa.

— Quando fala sobre esses fundos, muita gente cita o retorno e infelizmente esquece de falar também dos riscos de liquidez— afirma Fabio Gallo Garcia, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). — Eu vi um caso em São Paulo que o cotista levou um ano e meio para conseguir sair do investimento.

Para Garcia, os investidores que quiserem assumir esses riscos devem, portanto, estar dispostos a manter a aplicação por mais de dois anos. Ele não teme, no entanto, uma bolha no crescimento do setor.

— Muitos analistas têm dito isso. Mas é um mercado que cresce sobre um déficit habitacional enorme e por causa do aumento de renda da população. Não há bolha de crédito no mercado. O crédito continua muito caro — avalia Garcia.

Uma das primeiras a lançar os FIIs no varejo brasileiro, a Caixa planeja colocar à venda nos próximos meses as cotas de quatro novos fundos. Vitor Hugo dos Santos Pinho, gerente nacional de Fundos Especiais da Caixa, antecipa que um deles será voltado para logística, composto de armazéns e centro de distribuição para empresas.

— Estamos apenas aguardando a aprovação da CVM para começar a distribuir o fundo — explicou Pinho.

Cyrela reduz metas para vendas e lançamentos em 2011 e 2012

Eduardo Laguna | Valor

SÃO PAULO – A construtora e incorporadora Cyrela revisou para baixo as metas (guidances) de vendas e lançamentos para 2011 e 2012, colocando as previsões mais próximas à realidade do ano passado.

A empresa prevê agora que os lançamentos deste ano ficarão dentro da faixa de R$ 7,6 bilhões a R$ 8,5 bilhões, abaixo da banda entre R$ 8,3 bilhões e R$ 9,1 bilhões traçada em novembro de 2009.

Para 2012, o piso da estimativa de lançamentos caiu de R$ 10,5 bilhões para R$ 8,7 bilhões, enquanto o teto recuou de R$ 11,5 bilhões para R$ 9,8 bilhões.

Também foi revista a previsão de vendas contratadas, que devem ficar entre R$ 6,9 bilhões e R$ 7,7 bilhões neste ano e entre R$ 8 bilhões e R$ 8,9 bilhões no ano que vem. Antes, as previsões para as vendas eram de R$ 7,6 bilhões a R$ 8,4 bilhões em 2011 e de R$ 9,7 bilhões a R$ 10,7 bilhões em 2012.

A empresa diz que sua participação nos empreendimentos deverá ficar acima de 78% em 2011 e acima de 80% no ano seguinte.

Além disso, a Cyrela reduziu o guidance da margem de lucro bruto para 27% a 31% neste ano e 31% a 35% em 2012. Antes, previa-se que a margem ficaria dentro da faixa de 33% a 37% nos dois anos, com base nos padrões contábeis vigentes em 2009, quando as companhias ainda não eram obrigadas a seguir o padrão contábil internacional conhecido como IFRS.

Já a margem do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) é estimada entre 15% e 19% neste ano e entre 18% e 22% em 2012. A previsão anterior era de uma margem Ebitda de 20% a 24% nos dois anos.

Desta vez, a Cyrela preferiu não anunciar projeções para a margem do lucro líquido, tirando o efeito da estimativa de 14% a 16%, nos dois anos, divulgada em 2009.

Conforme uma prévia operacional divulgada em janeiro, o valor potencial de venda dos lançamentos da Cyrela alcançou R$ 7,588 bilhões no ano passado, marcando alta de 33,6%. Já as vendas contratadas subiram 17,8%, para R$ 6,172 bilhões.

Regra final para incorporadoras vai demorar

Valor Econômico - São Paulo/SP - EU & INVESTIMENTOS - 14/03/2011 - Fernando Torres - De São Paulo

Não foi dessa vez que as incorporadoras imobiliárias tiveram uma resposta definitiva sobre como deve ser feito o reconhecimento de receita da venda de imóveis. O tema foi debatido na sexta-feira pelo comitê que interpreta as normas internacionais de contabilidade, conhecido como Ifric, mas ficou evidente que a solução não virá tão cedo.

Essa é uma das poucas pendências que restam sobre a adoção do padrão internacional de contabilidade, o IFRS, no Brasil, que passou a ser obrigatório ano passado.

Isso significa que, embora tenham encontrado uma solução para publicar os balanços referentes a 2010 sem ressalvas dos auditores, as incorporadoras seguirão com o risco de terem de mudar o modelo de reconhecimento de receita quando houver uma decisão futura dos órgãos internacionais responsáveis pelo padrão.

Pelo entendimento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao analisar os contratos de compra e venda de imóveis no Brasil, as incorporadoras brasileiras podem reconhecer a receita conforme o percentual de execução da obra, como já faziam até 2009. Mas a abordagem mais comum nos países que adotaram o IFRS, conforme as regras emitidas pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), é que esse registro só deve ser feito no momento da entrega das chaves.

A solução temporária encontrada no Brasil foi dizer que os balanços seguem o IFRS conforme aprovado pela CVM.

A pedido de agentes não apenas do Brasil, mas também de Cingapura, Coreia do Sul e outros países, os técnicos do comitê de interpretação do IFRS passaram 1 hora e 15 minutos da sexta-feira discutindo apenas se o tema de transferência contínua de controle nos contratos de incorporação imobiliária deveria entrar ou não oficialmente na agenda do órgão. E não chegaram a uma decisão final sobre isso, embora a maioria tenha indicado que é contra discutir o assunto. No fim, foi decidido que na reunião de maio do Ifric a inclusão do tema na agenda será debatida novamente.

O comitê que tira dúvidas sobre as regras IFRS está preocupado com interpretações regionais sobre a aplicação do padrão internacional de contabilidade, já que isso pode minar o plano de se ter um único padrão global de normas contábeis.

O tema é particularmente importante porque deve ter peso relevante na decisão da Securities and Exchange Commission (SEC) sobre a adoção do IFRS nos EUA. A SEC rejeita a ideia de adotar um padrão internacional que seja adaptado em cada país.

Ao mesmo tempo, o Ifric tem dúvidas se cabe ao órgão explicar em detalhes como deve ser feita a adoção de normas em casos específicos. O temor, nesse cenário, tem a ver com a base do IFRS, que é estar fundado em princípios e não em regras detalhadas. O Ifric também se recusa a entrar na discussão sobre como funcionam as leis de cada país, o que não estaria no seu escopo de trabalho.

Os técnicos mencionaram ainda o risco de se dar uma resposta aos países que têm dúvidas sobre o caso das incorporadoras, ao mesmo tempo em que o conselho do Iasb está discutindo, em conjunto com o Fasb, órgão que emite as normas contábeis nos EUA, um novo pronunciamento sobre reconhecimento de receita de forma geral.

Eles temem tomar uma decisão hoje que possa ser revertida pouco tempo depois com a edição de um novo pronunciamento mais abrangente.

Uma técnica do Iasb relatou, durante a reunião de sexta, em que ponto está a discussão sobre o novo pronunciamento de reconhecimento de receita. Por enquanto, ela diz que o foco está em avaliar quando o controle dos bens e serviços é transferido ao comprador. Ela diz que o princípio está bem definido no caso dos bens, mas nem tanto quando existe um serviço associado, ou quando existe apenas a prestação de um serviço.

Em relação à transferência contínua de controle, que é o objeto de discussão ligado às incorporadoras, estaria mantida a ideia de que ela existe quando o comprador consegue interferir nas características do produto durante sua confecção. Mas não há, por enquanto, nenhuma conclusão que sirva de apoio para o Ifric esclarecer as dúvidas de Brasil, Cingapura e Coreia.

Controladores do JBS compram o Banco Matone

O Estado de S. Paulo - São Paulo/SP - NOTÍCIAS - 14/03/2011 - Raquel Landim e David Friedlander

Instituição gaúcha, especializada em empréstimo consignado, é a nova aposta da família Batista para negócios fora do mercado de carnes.

A família Batista, dona do maior frigorífico do mundo, o JBS, deu um passo importante na diversificação de seus negócios. A J&F, holding que controla as empresas dos Batistas, anuncia hoje a compra do Banco Matone, instituição especializada em crédito consignado. A J&F já controla o Banco JBS, hoje focado no financiamento a pecuaristas.

Os dois bancos serão fundidos ao longo do tempo. O plano é formar uma instituição com carteira de crédito de R$ 3 bilhões e patrimônio ao redor de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões. No próximo mês, os nomes JBS e Matone devem desaparecer e a operação financeira da família Batista ganhará uma nova identidade. O objetivo é desvincular o negócio da operação mais conhecida, o frigorífico JBS.

A negociação começou no fim de 2010 e terminou no dia 4 de março, sexta-feira, véspera de carnaval. Foi conduzida pessoalmente por Joesley Batista, irmão caçula do clã, e Alberto Matone, controlador do grupo com sede no Rio Grande do Sul.

As participações acionárias das duas famílias serão reunidas no novo banco - além disso, deverá haver um aporte de recursos. Ao fim do processo, os Batistas ficarão com o controle e os Matones, minoritários, devem sair do negócio. Nos próximos meses, porém, Alberto Matone deve continuar tocando o banco, porque conhece a área de crédito pessoal melhor que os donos do Banco JBS.

Diversificação. Joesley Batista deixou recentemente o cargo de presidente-executivo do frigorífico JBS, no qual foi substituído pelo irmão do meio, Wesley, e assumiu a presidência do conselho de administração. Sob seu comando, o JBS tornou-se a maior empresa de processamento de carnes do mundo.

Fortemente apoiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a companhia embarcou numa expansão internacional acelerada, com a compra das americanas Pillgrim"s e Swift, além de empresas na Europa e na Austrália. Os investidores, no entanto, vêm castigando as ações do JBS, desconfiados da capacidade do grupo para administrar as diversas aquisições.

A meta de Joesley, agora, é diversificar os negócios da família. Ele preside a holding J&F, que tem, além do Banco JBS, empresas nas áreas de produtos de limpeza, celulose e couro. No momento, o grupo investe na construção de uma grande fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul e tenta financiamento do BNDES para tocar o projeto. Em entrevista ao Estado, no ano passado, quando ainda presidia o frigorífico, Joesley demonstrava a intenção de "não deixar todos os ovos em uma cesta só".

Diferenças. O Banco Matone é maior do que o Banco JBS. Conforme estatísticas do Banco Central (BC), em setembro de 2010, os ativos do Matone somavam R$ 998 milhões, contra R$ 565 milhões do Banco JBS.

Com sede no Rio Grande do Sul, o Matone possui mais de 80 lojas e está presente em 11 Estados do País. O foco é a concessão de crédito consignado, que congrega mais de 90% dos negócios.

Em 2007, o banco gaúcho entrou no crédito imobiliário - atividade com forte potencial para crescer nos próximos anos. O Matone criou uma marca para atuar nesse setor, chamada Plano A, e abriu lojas em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

O Banco JBS foi criado há cinco anos. O número de funcionários saiu de 34, em janeiro de 2009, para 144, em janeiro deste ano. Recentemente, o JBS começou a assediar profissionais de outros bancos em busca de mais expertise no ramo.

WTorre deve anunciar a venda do prédio da Petrobrás nos próximos dias

14 de março de 2011 | 0h 00 - O Estado de S.Paulo

A construtora e incorporadora WTorre deve anunciar nesta semana o negócio que a fez suspender uma das maiores transações imobiliárias já anunciadas no País. No fim do ano passado, a empresa registrou na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) o pedido de criação de um fundo imobiliário para negociar o futuro edifício sede da Petrobrás, no Rio, no valor de R$ 1,2 bilhão. Embora circule no mercado a informação de que o negócio foi cancelado por falta de interesse de investidores, Walter Torre tem afirmado nos bastidores que a operação estava sendo um sucesso, mas que voltou atrás depois de receber "uma proposta mais interessante".

sábado, 12 de março de 2011

Empresas captam o dobro no mercado em relação a 2010

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 11/03/2011
Eduardo Puccioni

São Paulo - As incertezas em relação ao cenário externo, com a preocupação dos conflitos no norte da África e Oriente Médio, têm feito com que as empresas brasileiras prefiram emissões de renda fixa. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até fevereiro de 2011, foram emitidos R$ 9,768 bilhões em renda fixa, contra R$ 4,522 bilhões em títulos de renda variável. O total de R$ 14,3 bilhões captados nos dois primeiros meses deste ano representa quase o dobro do mesmo período do ano passado, que registrou R$ 7,2 bilhões.

"As empresas têm preferido o alongamento de prazo e custos menores. Isso justifica a maior captação por meio da renda fixa, principalmente em debêntures", explica Alberto Kiraly, vice-presidente da entidade. No ano, foram realizadas 59 emissões.

As operações realizadas em fevereiro deste ano, que representam R$ 10 bilhões desse montante, apresentaram uma distribuição relativamente equilibrada entre os segmentos de renda fixa - com participação de 54,7% - e o de renda variável, que respondeu por 45,3% das ofertas. No mercado de ações, dos R$ 4,5 bilhões ofertados até fevereiro, 88,6% corresponderam a emissões primárias. As ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), com quatro operações, apresentaram volume de R$ 3,1 bilhões, 121,1% superior ao mesmo período de 2010.

"A Anbima não faz projeções em relação ao montante que o mercado pode captar ao longo de 2011, mas acredito que, em número de operações, os IPOs devem superar as ofertas de follow on", acrescenta Kiraly. O follow on é uma emissão de ações para companhias brasileiras que já possuem papéis negociados na BM&F Bovespa.

Kiraly disse ainda que os investidores estão com maior apetite em IPOs de menor volume, ou seja, de empresas menores. "Os investidores estão preferindo a baixa liquidez com maior risco", diz o executivo da entidade.

No segmento de renda fixa, as ofertas distribuídas com esforços restritos permanecem na liderança, com 84,8% dos registros em 2011. Em fevereiro de 2011, os títulos de renda fixa responderam pela captação de R$ 5,5 bilhões, liderados pelas notas promissórias e debêntures. "Em notas promissórias tivemos duas operação pontuais, mas que mostra o potencial deste mercado", afirma o vice-presidente da Anbima.

Ainda em renda fixa, outro destaque ficou por conta das captações por meio dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). No mês, foi registrado R$ 1,4 bilhão em operações com este título, elevando o volume total de 2011 a R$ 2,7 bilhões, distribuídos em 22 operações. As emissões de CRI em 2011 responderam por 18,9% do total das ofertas, na distribuição por instrumentos - no primeiro bimestre de 2010, o percentual de participação dos CRIs havia sido de apenas 4,7%.

Também seguem aquecidas as captações de recursos por parte das empresas brasileiras no mercado internacional. Confirmando as expectativas do início do ano, em janeiro foram captados US$ 10,4 bilhões em títulos de dívida no mercado externo, com destaque para a oferta de US$ 6 bilhões da Petrobras.

Em comparação ao mesmo período de 2010, as captações externas de 2011, em volume, já apresentam elevação de 159%. "Podemos ter uma leve queda neste tipo de emissão para os dados de março, por conta das incertezas no mercado externo. Neste momento os investidores estão pedindo remunerações maiores", revela Kiraly.

Na participação dos investidores nas ofertas brasileiras, apenas do mês de janeiro de 2011, os estrangeiros ficaram com 64,8% do total, seguido pelos investidores institucionais, com 26,98% e a pessoa física, com 8,3%. Dentro da participação dos estrangeiros, 56% é a fatia apenas dos norte-americanos, seguido pelos europeus com 38% e demais países da América Latina, com 6%.

Rodobens inaugura safra de balanços depois de polêmica

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 11/03/2011 - 01:03:41
Denise Carvalho | De São Paulo

A Rodobens Negócios Imobiliários divulgou ontem, após adiamento de um mês, o balanço de 2010. É a primeira empresa do setor a divulgar as demonstrações financeiras após a polêmica que envolveu a adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS) para as empresas imobiliárias.

A discussão era referente ao reconhecimento das receitas de vendas de imóveis residenciais na planta. Pelo padrão internacional IFRS, as empresas costumam reconhecer as vendas de uma só vez, no momento da entrega das chaves dos imóveis para os proprietários. A Rodobens optou por seguir a versão brasileira do IFRS, que permite às empresas do setor reconhecer as receitas de vendas de imóveis de acordo com o andamento das obras.

Conforme adiantou reportagem do Valor na semana passada, o auditor da Rodobens, a Deloitte, faz um alerta no parecer de que as demonstrações financeiras da empresa preparadas de acordo com o IFRS consideram a Orientação OCPC 04 editada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. A orientação permite o conhecimento das receitas de imóveis na planta, o que pode ser feito de acordo com o andamento das obras.

No alerta - conhecido pelo nome técnico de ênfase -, o auditor ressalta que o assunto ainda está em debate no International Financial Reporting Interpretation Committee (Ifric). "Os resultados dessa análise podem fazer com que as incorporadoras imobiliárias tenham que revisar suas práticas contábeis relacionadas ao reconhecimento de receitas", diz a Deloitte.

A Rodobens havia adiado a apresentação dos seus números do dia 3 de fevereiro para ontem, à espera de um pronunciamento oficial da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que ratificasse a adoção da versão brasileira do IFRS. O pronunciamento veio por meio da reedição de um ofício no meio da semana passada.

No balanço, a Rodobens divulga que a receita líquida registrada em 2010 foi de R$ 705,1 milhões, o que representa um crescimento de 51% sobre o valor verificado no ano anterior, que foi de R$ 466,3 milhões. O lucro líquido subiu 158% na mesma comparação, passando de R$ 27,8 milhões para R$ 71,6 milhões.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Captação de empresas cresce 98% no 1º bimestre, diz Anbima

No caso das notas (papéis que as empresas lançam para captar recursos de curto prazo), o volume teve aumento de 770% em comparação ao primeiro bimestre de 2010.

10 de março de 2011 | 11h 42

Altamiro Silva Junior, da Agência Estado

SÃO PAULO - As empresas brasileiras captaram R$ 14,3 bilhões no primeiro bimestre de 2011, o que representa um aumento de 98% na comparação com o mesmo período de 2010. Ao todo, foram feitas 59 operações, entre emissões de papéis de renda fixa, ações e certificados de recebíveis imobiliários (CRI). Em fevereiro, as emissões somaram R$ 10 bilhões. Os dados foram divulgados hoje pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Nos dois primeiros meses deste ano, as emissões de debêntures e de notas promissórias apresentaram desempenho recorde em comparação aos mesmos períodos dos últimos cinco anos, segundo o boletim da Anbima. Ao todo, os volumes nas duas modalidades somaram R$ 3,3 bilhões. No caso das notas (papéis que as empresas lançam para captar recursos de curto prazo), o volume teve aumento de 770% em comparação ao primeiro bimestre de 2010. Para as debêntures, o crescimento foi de 67,7%. Deste total, 94% das emissões são de esforços restritos (emissão voltada apenas para um pequeno grupo de investidores institucionais).

Já no mercado de ações, as emissões somaram R$ 4,5 bilhões nos meses de janeiro e fevereiro. Desse total, 88,6% corresponderam a emissões primárias (novas ações). As aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) somaram quatro operações, com volume de R$ 3,1 bilhões, 121,1% superior ao mesmo período de 2010. Entre as empresas que captaram recursos estão Direcional Engenharia, Arezzo, Tecnisa e Sonae Sierra.

Com o aquecimento do mercado imobiliário, as emissões de CRIs cresceram 701% em volume em 2011, passando de R$ 337 milhões no primeiro bimestre de 2010 para R$ 2,698 bilhões no mesmo período deste ano. Foram feitas 22 operações deste tipo de instrumento, que permite securitizar ativos imobiliários. Já os fundos de investimento em direito creditório (FIDC) (que permitem a securitização de vários ativos) tiveram queda nas captações. Elas baixaram de R$ 1,219 bilhão no ano passado para R$ 444 milhões este ano, reduzindo de 17 operações para apenas duas.

Captações de empresas brasileiras dobram em 2011

Companhias emitiram ações e títulos no total de R$ 14,3 bilhões no primeiro bimestre, 98% acima do valor do ano passado

Olívia Alonso, iG São Paulo | 10/03/2011 10:44

As companhias brasileiras estão animadas para fazer captações de recursos no mercado brasileiro. Nos primeiros dois meses do ano, as emissões de ações e títulos totalizam R$ 14,3 bilhões, um aumento de 98% em comparação ao mesmo período de 2010, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Ao todo, foram realizadas 59 emissões.

 

Apenas em fevereiro, as operações somaram R$ 10 bilhões, sendo R$ 5,4 bilhões em renda fixa e R$ 4,5 bilhões em renda variável. No mês, quatro companhias fizeram ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), ou seja, estrearam na Bolsa de Valores emitindo papéis. Juntas, Arezzo, Sonae Sierra, Queiroz Galvão e Autometal captaram R$ 3,1 bilhões, 121,1% a mais do que o valor obtido por empresas no mesmo período de 2010.

Além dos IPOs, o mercado de ações teve captações de R$ 1,4 bilhão em ofertas secundárias e continuações de IPOs (“follow-on”).

No segmento de renda fixa, as emissões foram lideradas pelas notas promissórias e debêntures, que somaram R$ 3,8 bilhões. Os Certificados Recebíveis Imobiliários (CRI) também tiveram destaque no segundo mês do ano, com R$ 1,4 bilhão.

No exterior

As captações de recursos por empresas brasileiras no mercado internacional também seguem aquecidas. Confirmando as expectativas do início do ano, em janeiro foram captados US$ 10,4 bilhões em títulos de dívida no mercado externo, com destaque para a oferta de US$ 6 bilhões da Petrobras. Em comparação com o mesmo período de 2010, as captações externas de 2011, em volume, subiram 159%.

quarta-feira, 9 de março de 2011

WTorre desiste de oferta de fundo da Petrobras

Valor Econômico - São Paulo/SP - EMPRESAS CITADAS - 09/03/2011

Alessandra Bellotto e Daniela DAmbrosio

A construtora e incorporadora WTorre desistiu da oferta pública de R$ 390 milhões em cotas do fundo de investimento imobiliário WTorre Petro. O cancelamento foi comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira à noite pelos coordenadores, o Itaú BBA e o BB Banco de Investimento, sem justificativas. Segundo o Valor apurou, o fundo não atingiu a demanda esperada, apesar de ter sido o único, até o momento, a conseguir a adesão de fundos de pensão. É o segundo fundo imobiliário suspenso por falta de demanda - o primeiro foi o da Bracor, que pretendia levantar R$ 262 milhões - e a segunda tentativa da WTorre de captar recursos no mercado. No ano passado, a empresa cancelou a abertura de capital.

Segundo fontes do mercado, a WTorre já recebeu ofertas pelo imóvel, mas só deve vendê-lo depois de pronto, quando o preço atinge o ponto máximo. A previsão é que a entrega aconteça entre o fim deste ano e início de 2012. O imóvel, avaliado em R$ 1,2 bilhão, vai abrigar a sede da Petrobras, no Rio. O prédio já está financiado - a empresa havia feito uma operação de CRI (certificado de recebíveis imobiliários) no valor de R$ 524,6 milhões, que securitizou 80% do fluxo de recebíveis dos aluguéis.

Cerca de mil pessoas físicas já tinham aderido à operação, assim como fundos de pensão e investidores estrangeiros, mas a demanda não teria sido suficiente para a colocação integral do fundo.

Pela estrutura do fundo, cerca de R$ 315 milhões captados seriam usados para o pagamento à vista do empreendimento em fase de construção e outros R$ 72 milhões, pagos na entrega. Os R$ 566 milhões (valor presente) restantes seriam pagos a prazo, com o uso de pouco mais de 67% da receita de aluguel do empreendimento, locado para a Petrobras por 17 anos e 8 meses. O fluxo remanescente do aluguel, pago anualmente, seria distribuído para os cotistas.

Os coordenadores informaram que os investidores terão seu dinheiro devolvido "sem juros ou correção monetária" em três dias úteis a partir de 9 de março".

 

 

 

R$ 3 bilhões em CRIs

Investidor Institucional - São Paulo/SP - REVISTA - 09/03/2011 - 11:42:22

 

O aquecimento do mercado imobiliário brasileiro tem rendido bons frutos para a RB Capital. Fundada há doze anos por ex-sócios do Pactual, a companhia espera gerar R$ 3 bilhões em emissões primárias de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) este ano a partir de sua área de securitização. Além disso, está trabalhando na estruturação de fundos imobiliários nos mais diversos formatos.

 

Com fundos exclusivos de entidades como Petros e Forluz já estabelecidos, a RB Capital tem um grande foco no investidor institucional, seja ele nacional ou estrangeiro. Marcelo Michaluá, sócio da companhia, conta que o volume de emissões primárias de CRIs gerados a partir da operação de securitização da RB Capital foi de R$ 1,1 bilhão em 2009 e de quase R$ 1,9 bilhão no ano passado. A estimativa de bater os R$ 3 bilhões em 2011 – ou seja, ter um crescimento de aproximadamente 60% – tem como base a demanda por ofertas já neste início de ano. “Estamos mandatados para um total de emissões que supera R$ 1 bilhão, basicamente no setor imobiliário corporativo”, sinaliza Michaluá.

 

O executivo acrescenta que a demanda está grande tanto do lado da originação quanto por parte dos investidores. “A procura por papéis muitas vezes equivale a duas ou três vezes o valor da oferta”, calcula. A tendência de desimobilização das empresas e a necessidade de investimentos em infraestrutura no País são alguns dos fatores que têm impulsionado as operações com CRIs. Além disso, o mercado de capitais brasileiro tem sido cada vez mais visto como uma fonte de ferramentas de financiamento alternativa aos empréstimos bancários. A prova é que a Petrobras, por exemplo, fez R$ 1,7 bilhão em emissões de CRIs com a RB Capital nos últimos seis anos. “O dinheiro levantado tem entre os destinos a construção da sede da Petrobras em Macaé (RJ) e Vitória (ES) e de diques-secos, além da desimobilização da refinaria da Lubrax em Duque de Caxias (RJ) e de postos BR”, cita o executivo.

 

Para se ter uma ideia do mercado em geral, até o dia 16 de fevereiro deste ano havia R$ 414,06 milhões em ofertas primárias de CRIs registradas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na mesma data, as emissões em análise somavam R$ 1,47 bilhão.

 

Fundos

 

Além do braço de securitização, a RB Capital tem também a área de fundos de investimento. Entre os produtos oferecidos aos investidores estão fundos imobiliários de renda que aplicam recursos em imóveis comerciais. Nesse caso, a RB Capital constrói um portfólio de empreendimentos com capital próprio, de acordo com a demanda dos clientes que serão seus inquilinos. Quando o imóvel está pronto e aprovado pela empresa cliente, o fundo imobiliário o adquire. “Construímos centros de distribuição, lojas para grandes redes de varejo, armazéns e sedes administrativas, por exemplo”, elenca Michaluá. “Depois que o imóvel fica pronto e o inquilino passa a ocupá-lo, o fundo vira o dono do ativo”, completa. O primeiro fundo nesse formato teve a captação liquidada em dezembro de 2009. Com R$ 132 milhões levantados, o produto já investiu em sete imóveis. Em outubro do ano passado, veio o segundo produto no mesmo formato, que aplicou recursos em cinco empreendimentos. “Nesse segundo fundo tivemos a participação de regimes próprios como cotistas”, lembra Michaluá. A captação foi de R$ 137 milhões.

 

O executivo reforça que a composição dos fundos é de “multi-inquilinos”, o que reduz o risco das operações. Ele adianta, ainda, que a RB Capital conta com um portfólio de imóveis que deve ficar pronto em breve e pode vir a gerar novos fundos de renda. A prateleira da gestora conta ainda com uma família de fundos de desenvolvimento residencial, em que os investimentos são feitos nos projetos de incorporação, e não diretamente nas incorporadoras. O primeiro fundo é de dezembro de 2007, captou R$ 100 milhões e investiu em 22 projetos de nove incorporadores. O segundo, lançado em outubro do ano passado, levantou R$ 132 milhões e já comprometeu mais de 80% do capital para 10 projetos de sete incorporadores. “Para chegar a esses 10, olhamos cerca de 60 projetos”, informa Michaluá.

 

Agora, a RB Capital está trabalhando na venda de um fundo dessa família para investidores estrangeiros. Em meados de janeiro a gestora começou a visitar potenciais aplicadores lá fora. “Nosso foco lá fora também são os institucionais, como fundos de pensão, endowments, private wealths, family offices e seguradoras. Já conversei com alguns deles no Chile, Colômbia e Peru, e queremos falar com investidores nos Estados Unidos”, detalha o executivo. Ele completa que países da Europa como Inglaterra, Suíça e Holanda também estão no radar da companhia, mas ainda não se sabe ao certo se investidores dessas localidades serão alvo desse fundo ou de um próximo que poderá ser lançado no segundo semestre. “É uma questão de timing mesmo. Porque demanda para mais recursos existe. Temos um pipeline de centenas de milhões de reais”, aponta. Inicialmente, a ideia é levantar US$ 200 milhões com esse primeiro fundo no exterior. “Podemos converter mais, mas esse é um valor realista”, ressalva Michaluá.

 

Atualmente, a RB Capital tem sob gestão fundos que somam patrimônio de R$ 3,2 bilhões. Sem dar mais detalhes sobre os produtos, o executivo indica que há “meia dúzia de novos fundos” em estruturação, entre os de CRIs, os de renda e os de desenvolvimento comercial e residencial. Fundações – As entidades fechadas de previdência complementar investem com a RB Capital por meio da compra de CRIs em ofertas (em geral, as fundações de médio porte é que participam mais dessas operações) ou como cotistas de fundos – sejam eles exclusivos ou não. “Alguns fundos de pensão preferem analisar operação por operação de CRIs. Outros acham mais prático ter um fundo exclusivo conosco, porque já nos conhecem. Em geral, as fundações muito grandes acabam preferindo a segunda opção, porque têm muitas oportunidades de investimento para analisar todos os dias”, justifica.

 

A estruturação de um fundo exclusivo não significa, porém, que a entidade deixa de escolher os seus investimentos. Cada fundo exclusivo tem seus critérios de elegibilidade para os ativos que comporão a carteira. “Quando fazemos uma emissão, oferecemos ao fundo exclusivo um percentual dela. Tudo passa pelo crivo do investidor antes de entrar no fundo”, ressalta Michaluá. Para Roberto Henrique Gremler, consultor sênior da Towers Watson, fundos de investimento imobiliários (Fiis) são uma boa opção para entidades fechadas de previdência complementar principalmente devido à possibilidade de diversificação. “Como, em termos gerais, existem três modalidades de fundos imobiliários, cada uma delas pode ser incluída na carteira das fundações por suas próprias razões. Caso o fundo seja de incorporação, a fundação deve esperar pouca liquidez e maior rentabilidade no longo prazo. As entidades também podem preferir ou necessitar investir em Fiis que focam no recebimento de aluguéis, com fluxos mensais de caixa. Nestes casos existem ainda outros ganhos adicionais que podem aparecer ao longo da vida do produto”, explica. Cremler avalia que o mercado imobiliário promete oferecer bons retornos a todos os investidores, mas ressalva que “não se deve perder o foco do preço de entrada nestes investimentos, que estão em alta”. “Isto apresenta um risco pois, como já foi visto nos Estados Unidos, o valor dos imóveis também cai”, alerta o consultor.

 

Venda direta

 

No final do ano passado, a RB Capital adquiriu distribuidora de títulos e valores mobiliários do Banco Matone por R$ 2 milhões. O negócio ainda depende de aprovação do Banco Central para ser concluído. A expectativa é de que o aval da autoridade monetária saia em breve. A intenção da RB Capital com a compra é eliminar intermediários em suas operações de securitização. Isso porque a companhia origina e estrutura emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), além de ter uma equipe interna de venda desses títulos. Por questões regulatórias, no entanto, a RB Capital precisa de uma DTVM para fazer a distribuição dos papéis. “Temos DTVMs parceiras nessas operações. Mas a demanda por emissões tem crescido de maneira exponencial. E se formos pensar bem, as taxas que pagamos em algumas emissões já somam o valor de aquisição de uma DTVM própria”, justifica Marcelo Michaluá, sócio da RB Capital. Ele acrescenta que é positivo para o investidor que a companhia atue como coordenadora das ofertas que origina. “Além disso, teremos capacidade de acumular uma base de clientes, principalmente pessoa físicas”, diz o executivo. Por enquanto, esse público é acessado pela RB Capital por meio de private banks.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Fitch atribui rating AAA à CRI da Brazilian Securities

Luciana Seabra

04.03.2011

 

SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch atribuiu o rating nacional preliminar de longo prazo "AAA(bra)" para a primeira emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) da Brazilian Securities Companhia de Securitização, empresa do Grupo Ourinvest, com perspectiva estável.

A operação consiste na securitização de uma carteira de financiamentos imobiliários concedidos pela Caixa Econômica Federal para aquisição de imóveis residenciais.

O rating reflete a esperada capacidade de pagamento integral do principal investido, corrigido pela Taxa Referencial (TR) e acrescido de taxa de juros de 10% ao ano até o vencimento da transação, em novembro de 2018.

De acordo com a Fitch, os certificados são lastreados por uma carteira com saldo devedor de R$ 258,6 milhões em janeiro de 2011, bastante diversificada e distribuída geograficamente. A agência considerou que a carteira que dá lastro à operação tem qualidade de crédito superior ao normalmente verificado nos créditos imobiliários da CEF.

A Fitch também atribuiu à série o rating de severidade de perda LS-1, que aponta para o risco de perda caso haja inadimplência.

 

 

Corte no Minha Casa, Minha Vida não afeta emissão de CRI

DCI - São Paulo/SP - FINANÇAS - 04/03/

Eduardo Puccioni

 

São Paulo - Os mercados de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e outros ativos imobiliários não serão afetados pelo corte de R$ 5,1 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida, segundo o advogado Carlos Ferrari, especialista nas áreas de Mercado de Capitais e setor Imobiliários, do Lobo & de Rizzo Advogados. O corte foi anunciado na 2ª feira pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. "O que deve ter ocorrido foi um pequeno erro de calculo no montante destinado na primeira fase do programa. O mercado não precisava de todo o montante dos recursos. O que ocorreu foi um ajuste no valor", afirma Ferrari.

 

O advogado se mostrou muito otimista com as ofertas que virão em 2011. "Acabamos de fechar uma operação da MRV Engenharia no valor de R$ 248 milhões. Acabamos de publicar na CVM [Comissão de Valores Mobiliários]", revela o especialista.

 

Ferrari afirma ainda que no escritório tem 5 operação para sair, contando com a da MRV, que juntas, chegam próximo de R$ 600 milhões. "O mercado está com uma velocidade de emissões que jamais vi", acrescenta Ferrari. O advogado diz ainda que só neste início de ano a CVM já concentra um estoque de emissões no montante de R$ 2 bilhões. "Este foi o volume que fechou o ano inteiro de 2010", lembra o especialista.

 

De acordo com os valores divulgados pela CVM, 2010 finalizou com R$ 2,1 bilhões em ofertas registradas, contra R$ 1,223 bilhão em relação ao ano anterior, correspondendo a um crescimento de 74,8% no período. Em 2008, o montante foi de R$ 830 milhões e, em 2007, o volume financeiro foi de R$ 868 milhões.

 

Ferrari lembrou ainda que a demanda dos investidores também tem sido fundamental para o crescimento deste mercado. "Além do interesse do investidor, estamos tendo uma alta no mercado secundário deste título, coisa que não tínhamos no passado", explica o especialista, dizendo ainda que investidor estrangeiro também está demonstrando grande interesse nos CRIs. "Temos de lembrar que o estrangeiro não paga Imposto de Renda sobre esta operação. Para eles é bem vantajoso", explica Ferrari.

 

Considerados importantes fontes de financiamento para o crédito imobiliário, os ativos como Cédula de Crédito Imobiliário (CCI), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e CRI registraram um volume de R$ 58,8 bilhões em 2011 na Cetip. Esses ativos, juntos, acumularam um crescimento de cerca de 40%, de 2009 para 2010. A Cetip detém quase que a totalidade do mercado de registro desses papéis, com 96% do mercado.

 

O crédito imobiliário no mercado de securitização foi o assunto da palestra que Carlos Ratto, diretor executivo Comercial e de Produtos da Cetip, apresentou no Encontro de Executivos dos Mercados de Securitização e Crédito Imobiliário. O encontro reuniu aproximadamente de 80 profissionais ligados a instituições financeiras do setor de crédito imobiliário e securitização.

 

Ainda sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, Ferrari explica que tem contato com diversos agentes de mercado e que não ouviu ninguém questionando o corte. "Este é um mercado de títulos com cada vez mais segurança no lastro, isso atrai investidores".

 

O cenário atual e o mercado secundário também fizeram parte da apresentação de Ratto. Para o executivo, é necessário o desenvolvimento do mercado. "O estímulo ao mercado secundário será extremamente importante para que investidores do mercado primário saibam que esses ativos poderão ser negociados futuramente", explica o diretor da Cetip.