segunda-feira, 19 de abril de 2010

FUNDO IMOBILIÁRIO COM FORMADOR DE MERCADO

Valor - 12/04/2010

O segmento de fundos imobiliários ganha o primeiro formador de mercado. Trata-se do Bradesco, contratado para fomentar a liquidez no mercado secundário das cotas do Presidente Vargas, cuja oferta pública ainda está em andamento e é coordenada por outra instituição do grupo, o Banco Bradesco BBI. O investidor que quiser participar da emissão tem até sexta-feira, dia 16, para formalizar o pedido de reserva.

Como foi estruturada, a operação já deve contribuir para a liquidez dos papéis. Serão emitidas 195 mil cotas, com valor unitário de R$ 1 mil. A aplicação mínima será de R$ 5 mil, valor baixo relativamente à oferta de R$ 195 milhões. Também, para a distribuição do fundo, além do próprio Bradesco - cujo esforço está concentrado no segmento private e em algumas agências selecionadas -, foram contratadas 45 corretoras de valores.

O formador de mercado, contudo, representa uma inovação para os fundos imobiliários. "Ao garantir uma porta de saída para os clientes, o Bradesco mostra que atento a todos os detalhes e o cuidado para entrar nesse mercado", afirma uma fonte do setor. Mais que isso. Como o formador de mercado atua nas pontas de compra e venda, ou seja, ele tem de ter dinheiro e cota do fundo, é possível ver mais investidores ingressando no mercado, acredita a fonte. "Muita gente que compra na oferta primária não quer se desfazer da cota, o que restringe a liquidez não por falta de comprador, mas de vendedor."

Outro vantagem do Presidente Vargas, segundo essa mesma fonte, é o fato de a oferta prever a listagem das cotas no Mega Bolsa, sistema eletrônico da BM&FBovespa que funciona continuamente, das 10h às 17h. Os fundos imobiliários também podem ser listados no mercado de balcão organizado da bolsa, só que em negociação não-contínua, de 10 minutos por dia. Dos 32 fundos listados na bolsa, 17 estão nesse segmento.

O consultor de investimentos Sérgio Belleza Filho, do site Fundo Imobiliário, é um crítico ferrenho da negociação não-contínua. Segundo destaca em seu site, esse ambiente é "antiquado" e "ineficiente", já que as cotas são negociadas num sistema chamado call de fechamento. Cada fundo tem um horário específico de fechamento, onde são aceitas ofertas de compra e venda durante 10 minutos. Ao final do período, as ofertas que se "encontrarem" são fechadas, num único preço. "Esse é mais um empecilho para a liquidez dos fundos imobiliários", diz.

A nova oferta é um marco também pelo tamanho e participação de um grande banco. Com foco no público de varejo, está entre as maiores, com volume de R$ 195 milhões. Já para o Bradesco, é a primeira grande operação em que aparece em todas as pontas - coordenação, administração e como formador de mercado -, depois de cerca de 15 anos fora desse mercado. Em 1995, o banco participou da colocação do fundo Panamby, mas era uma emissão voltada para fundos de pensão. No ano passado, ele liderou a oferta do RB Capital Renda I, ao lado de outra grande instituição, o Banco do Brasil.

Os recursos levantados serão destinados à aquisição dos edifícios Torre Boa Vista e Torre Vargas, ambos localizados na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Segundo projeções da BEM DTVM e do gestor imobiliário Latour Capital, com base nos contratos vigentes, o fundo deve entregar para o cotista um rendimento de cerca de 9,5% ao ano, atualizado pelo IGP-M. O setor hoje reúne 86 fundos imobiliários, com patrimônio total de R$ 5,4 bilhões. (Valor)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Meta da Aliansce é crescer mais



Monitor Mercantil
07.04.2010
As vendas em shopping center em janeiro último registraram crescimento de 30% em relação a igual mês de 2009. "Os números de vendas são superiores. Vários shoppings da Aliansce estão apresentando crescimento de dois dígitos, de 19% ou 20%".
Tais números servem de base para o gerente de Relações com Investidores da Aliansce Shopping Centers empresa, Eduardo Prado, para justificar a melhora no desempenho do setor quando compara o primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2009 e, consequentemente, a meta da empresa em crescer mais.
Recuperação
Depois de divulgar lucro líquido de R$ 52 milhões em 2009, resultado bastante superior ao prejuízo de R$ 18,2 milhões registrado no ano anterior, a Aliansce anunciou que pretende "continuar crescendo em ritmo acelerado ao longo de 2010, seja por meio de novas aquisições ou aumento de participação e expansão dos ativos. A empresa foi formada em 2004 por meio da joint-venture entre Nacional Iguatemi e a norte-americana General Growth Properties (GGP).
Desde a sua criação, a Aliansce vem se caracterizando pelo investimento em novos shopping centers. "Somente nos últimos três anos, nos envolvemos no desenvolvimento de sete shoppings, volume bem maior que o dos nossos pares", comenta o gerente de Relações com Investidores da empresa.
Consolidadoras
Os pares aos quais o executivo se refere são BRMalls, que "é mais uma consolidadora, e apesar de crescer muito em aquisição, não tem uma característica de desenvolvedora", e a Multiplan, "que apesar do histórico de desenvolvimento, não esteve muito ativa nos últimos anos".
Outros diferenciais, comenta Eduardo, "é a exposição geográfica mais abrangente" do que a de suas concorrentes, que estão mais concentradas nas regiões Sudeste e Sul do país e "a exposição às classes B e C, principalmente". Acrescentou que a Multiplan e Iguatemi atuam mais nas classes A e B, "até pela localização de seus ativos, que se concentram em classes com rendas mais altas".
Abertura de capital
O primeiro mês deste ano marca o término do processo de abertura de capital da empresa, concluído com a emissão de ações no dia 27 de janeiro de 2010. Mediante essa oferta pública primária de ações, a empresa captou R$ 450 milhões com a emissão de 50 milhões de novas ações ordinárias.
As vendas nos shoppings da Aliansce cresceram 17,9% no quarto trimestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008 e subiram 14,1% em relação ao obtido nos doze meses de 2008.
Classes B e C
A empresa observou crescimento de vendas mais significativo nas propriedades que tem como público alvo as classes B e C. Tais propriedades, explica Eduardo "não estão localizadas no centro das cidades, mas ainda assim são as que têm apresentado maior crescimento". Ele exemplificou citando o Shopping Grande Rio, localizado em São João de Meriti, Rio de Janeiro, e o Shopping Taboão, em Taboão da Serra, São Paulo, que ganharam expansão no final de 2008.
"Acabamos de anunciar a administração do Continental Shopping, em São Paulo, empreendimento bastante importante que entra no nosso portfólio. É um shopping grande", afirma (o shopping possui 32 mil metros de área bruta locável e 220 lojas).
Outro projeto para o ano, é a construção de um shopping center na Bahia. "O contrato ainda não foi assinado, mas estamos sendo contratados para fazer um planejamento de um shopping e sua construção". Ele ainda afirma que a Aliansce já estuda uma "série de negócios, mas não há nada definido ou formalizado".
Acionistas
A principal acionista da Aliansce é a GGP, com 31%. Eduardo explica que a empresa é a segunda maior proprietária de shopping centers dos Estados Unidos. "Eles tem expertise, know how operacional", que estão ajudando na implantação de melhorias operacionais dentro da empresa, comenta. No entanto, ele explicou que a controladora norte-americana não participa do dia a dia operacional da Aliansce.
A Pershing Square Capital, é outro grupo norte-americano, que entrou depois da abertura de capital, com 13,9%. Segundo Eduardo Prado, as empresas que participam da Aliansce são investidores. "Só cobram o resultado, mas são bastante ativos em suas empresas". Na sua opinião, isso ajuda, porque são acionistas que têm muito conhecimento, razão pela qual cobram muito na área de divulgação de resultados.
Novos shoppings
Em 2009, a Aliansce inaugurou a primeira fase do Boulevard Shopping Brasília e expansões no Shopping Grande Rio e Bangu Shopping. A primeira fase das reformas do Shopping Santa Úrsula foi concluída e o processo de renovação do mix de lojistas do empreendimento foi iniciado. Ainda no ano passado, a empresa inaugurou o Boulevard Shopping Belém, investimento que custou mais R$ 200 milhões e se tornou o primeiro shopping inaugurado na cidade em 15 anos.
Entre operação e administração de terceiros, a Aliansce soma 23 shoppings em todas as regiões do Brasil (já contando com o Continental Shopping, de São Paulo): sete na administração; dois na participação; e 14 na participação e administração (sendo que três deles ainda estão em desenvolvimento, o Boulevard Belo Horizonte, que deve ser inaugurado em outubro deste ano, e Shopping Maceió, previsto para 2012).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sam Zell, megainvestidor imobiliário, tem R$ 400 milhões para aplicar no Rio

O Globo - Rio de Janeiro/RJ - ECONOMIA - 03/04/2010

Felipe Frisch

O megainvestidor imobiliário americano Sam Zell está de olho no Rio. A Bracor, seu braço brasileiro de investimentos no mercado corporativo — galpões, centros de distribuição e prédios de escritório, alugados para empresas —, tem R$ 1 bilhão para investir no país, sendo R$ 400 milhões só no estado fluminense O Rio não é exatamente uma novidade para a empresa, hoje líder na chamada “terceirização imobiliária” no Brasil e que já investiu R$ 700 milhões nos últimos três anos no estado.

Com atuação normalmente discreta, é do grupo, por exemplo, o edifício ocupado pela Universidade Petrobras na Cidade Nova, o primeiro empreendimento para empresas ecossustentável do Rio. Também pertencem a Bracor o centro de distribuição da rede Ponto Frio, o Parque Logístico da Pavuna, o condomínio logístico Brapark no Irajá, além dos novos centros da Hermes, em Campo Grande, e da Procter & Gamble, em Itatiaia, ambos em construção.

Abrir capital da Bracor, via IPO, é possibilidade futura A novidade é que o Rio pode se tornar o principal foco da Bracor pelo menos este ano, diz Carlos Betancourt, presidente da empresa, com sede em São Paulo, mas em vias de abrir escritório no Rio. Além disso, está para anunciar em breve no estado um empreendimento “misto de logística e escritórios, um negócio novo”.

— Sempre tivemos interesse no Rio, bem antes de se falar em Copa e Olimpíadas. Temos R$ 1 bilhão para investir no país todo em 2010, e o Rio poderá ser líder em receber esses investimentos, com R$ 400 milhões. Vamos investir também em Manaus, Campinas e no Sul do país.

Betancourt é filho de empresários da construção civil cubanos que fugiram da revolução em 1959 e montaram a primeira empresa de concreto misturado do país, a Concretex — que foi durante anos a maior empresa do setor na América Latina. Podese dizer, portanto, que tem “concreto nas veias”. É presidente da Bracor desde a sua criação, em 2006, com o bilionário Samuel Zell, ou apenas Sam Zell, sócio majoritário da empresa, de capital fechado.

No Brasil, Sam Zell tem ainda — por meio do seu veículo de investimentos fora dos Estados Unidos, o fundo Equity International, dono da própria Bracor — participações na Gafisa, do setor residencial, na BR Malls, dona de shoppings como o Norte Shopping e o São Conrado Fashion Mall, na AGV Logística e na Brazilian Finance & Real Estate (BFRE), especializada em operações no mercado financeiro para o setor imobiliário.

Os outros sócios da Bracor são o braço de investimentos imobiliários do banco de investimentos Morgan Stanley, o grupo segurador americano Berkley, a família Olayan, da Arábia Saudita, e a família real de Abu Dhabi.

A companhia tem 41 imóveis no Brasil, mais de R$ 2 bilhões já investidos em propriedades industriais e faturamento anual de R$ 230 milhões por meio de aluguéis para empresas. Muitas vezes, esses imóveis alugados são vendidos à Bracor pelas próprias companhias que, posteriormente, viram suas inquilinas.

Hoje, as aquisições são financiadas principalmente por certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), espécie de título que é vendido no mercado financeiro tendo como lastro a receita que o imóvel irá gerar com base no aluguel. Mas a abertura de capital, por meio de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que pode servir para captação de recursos, é uma possibilidade, à semelhança do que já fizeram Gafisa e BR Malls, ambas em parceria com o grupo GP Investimentos.

— Não seria no curto prazo, pelo menos não no próximo ano.

Se acharmos que é uma boa oportunidade, podemos abrir capital, está super no nosso horizonte — diz Betancourt.

Grupo de Sam Zell agora mira setor hospitalar Agora, o Equity International, de Zell, quer investir em imóveis hospitalares e de “infraestrutura não tradicional”, contou por email, sem dar detalhes, o diretor executivo de estratégia da Equity International, Thomas McDonald, já que Sam Zell estava em viagem, em busca de novos negócios pelo mundo. McDonald disse ainda que deverão se reunir com autoridades para falar de Copa e Olimpíadas, e espera que os braços de moradia, varejo e logística do grupo sejam beneficiados pelos eventos.

— Um dos melhores ambientes hoje é o Brasil. Começamos a viajar para o país em 2000, cinco anos antes do nosso primeiro investimento. Em 2005, víamos o país da mesma forma que enxergamos o México dez anos antes. Hoje, com o Brasil, sentimos que existe uma oportunidade ainda maior (do que o México) — disse McDonald.